quinta-feira, dezembro 20, 2007

Fotografia




Escutam-se murmúrios ao furar a multidão
Enquanto te espero inquieto
Divago numa enseada
Afogando-me em incertezas
Salvo apenas por uma convicção

Conversas cruzadas, palavras perdidas
Ideias escolhidas, frases desencontradas
Eis que sucumbe num ímpeto a força
Incontrolável, mas limitada
Ilimitadamente controlada
Fugindo aos arreios da razão
Tal é a fisionomia do instinto
Contraditória na sua essência
Explanatória da sua verdade
Mas espontânea, tal como a demência
Pensamentos, vontades, ideias em liberdade...

Vou gritar!
Vou negar!
Vou explodir!
Vou murmurar o que sinto
A cada parede, a cada rocha
A cada flor que desabrocha
Como homenagem ao efémero
A cada totem da simplicidade

Pois às pessoas não as conheço
Há ambiguidade, traição
Perderam-se as virtudes de criança
Quando falávamos com o coração...

O que é o mundo mais que paisagem
Floresta recôndita, savana luzidia
As pessoas são meros instrumentos, de passagem
Máquinas que gravam o sentimento em fotografia.


19/12/2007
Melancholic Soul

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