Uma floresta de branco preenchia a sua cabeça. O cocoruto saliente tinha direito a uma clareira que reflectia o luar. Por um capricho da vida, o cabelo das suas têmporas mantinha o negro original, como azeviche. O seu nariz adunco sobressaía no rosto, mas o que o dominava eram os olhos. Os seus olhos eram ainda mais velhos que ele. De uma tonalidade muito parecida com a da avelã, mas ainda mais clara, como se os anos a tivessem diluído nas lágrimas que nunca chorara.
Desde criança que ele fora temido por essa distinta característica. Ao início vieram elogios, depois a curiosidade, depois o temor, seguido da inveja, rancor, ódio!!! Ao contrário das outras crianças, não o tentavam proteger, o único desejo de todas as pessoas salvo sua mãe e seu pai era faze-lo verter uma lágrima. uma que fosse.
Justificavam-se dizendo que era para provar que ele era uma criança normal. Na realidade era um sentinmento de inferioridade que os movia. A todos eles, que na sua "normalidade" nºao compreendiam nem aceitavam algo extraordinário.
Após a morte do seu pai desistiram da estratégia de tortura e pressão para o evitarem completamente. A inveja deu lugar ao medo e ódio velados atrás de caras fechadas. No funeral do seu pai só um membro da família não pranteava, apesar do sofrimento extremo patente na sua figura. Só uma pessoa naquela igreja quase vazia não chorou.
E a notícia voou. Biazarro, chamaram-lhe. Diabo, Fantasma, Sombra, Maldito!
Sós, ele e a sua mãe reduziram gradualmente as suas saídas de casa. Daquela casa.
O passado trancou-os, o futuro preparava-se para lhe ir bater à porta.
Sonhos de contacto com outras pessoas vaguearam pela sua mente durante décadas. Seria o seu desejo satisfeito?
Talvez.
Mas não seria assim tão fácil...
sexta-feira, novembro 28, 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário