quinta-feira, novembro 05, 2009

Pedaços de Céu




Há dias quase perfeitos.
E ás vezes quase nada nos corre bem..
Toda a nossa perspectiva do que nos rodeia é afectada pela nossa disposição, por pequenos pormenores que definem as ultimas horas, os ultimos dias, os ultimos segundos da nossa existência.
É incrível a variedade de reacções distintas que acabamos por ter ao mesmo estímulo..
Tudo isto só para dizer que até a mim umas vezes os meus textos variam em significado tendo em conta a altura em que os leio, independentemente da altura em que os escrevi.
Pensem nisso...

Respirar
É tão parte de nós que nem damos conta
O ondular de uma madeixa de cabelo ao vento
Tão incontrolável que eu reparo, ou tento

Caminho contra esses ventos que me ameaçam
Que nos colocam em desalinho
Que não nos fazem recuar!
Saltamos barreiras que nos ultrapassam
Um momento, um olhar, um carinho
Será que respiro por te amar?

Caminhei sem te encontrar
Perdido por não te ver sem te sentir
Esquecido
Que tal como respirar
Fazes parte de mim, basta sorrir

Vemos o sol a furar todas as nuvens
Reflectido num mar inquieto que espera
Por ventos, por marés, por mergulhos
Por momentos
Que ninguém conhece, mesmo planeando
Como o toque do vento na face
Como uma gaivota em êxtase planando
Como a necessidade do que ignoramos respirando.

Sob abóbadas celestiais
Escondido das estrelas e do céu
Ele corre pelas enseadas abandonadas
De luares aprisionados
Mergulha na escuridão da luz do mar
Sente o sal na pele e descobre
Que tudo faz sentido sem se sentir
Que nada se sente sem fazer sentido
Por subir
Por nadar entre as gotas de céu que o envolvem
Respirar toda a agonia que a areia massaja contra as rochas
Gesto delico-doce instantâneo
Expontâneo

Ingenuidade camuflada por galanteio
Capa caída pelas ruínas de uma pose
Quebrada
Em prol da realidade provada!

Pela mão de um sorriso caminham duas almas
Dois pares de pernas que se entrelaçam
Talvez só nas sombras no chão
Pela explosão de um beijo
Pelo fluir do desejo
Num quente e apertado abraço.

Sentimentos sussurrados como palavras proibidas
Gestos que escondem verdades escondidas
Uma carícia que perdura
Um olhar, um toque, um misto
De paz, de companhia, de ternura...

Algumas palavras
Juntadas em versos
Ás vezes isoladas
Parecem manchas aleatórias
Como rabiscos em pedaços de papel rasgados
Como ideias e sentimentos
Que voam, ao vento lançados...

Poemas não escritos que se lidos nem se notam
Movimentos estudados que involuntariamente chocam
Frases sem sentido que o ganham ao serem ouvidas
Dois lábios que se juntam, como metades perdidas
E a ansiedade latente
A saudade persistente
A vontade de te beijar
Para mim é como respirar...


As palavras ás vezes não são mais do que isso, meras palavras... Devaneios como lhes chamo, pela sua falta de organização ou de matriz, surgem sem pensar, não as consigo parar, são desejos do subconsciente que gosto de satisfazer... Hoje foi uma dessas noites em que a vontade de escrever surgiu, com qualidade ou não, não serei grande juiz, partilho com o mundo porque assim o quis, partilho contigo porque tens tanta responsabilidade no que escrevo como eu, porque o que escrevo, mesmo que nao fosse sobre ti, seria para ti :dp:
A minha escrita é tua, tal como mais.
O quê? Descobre por ti...
Procura-me, estou aqui...

MelancholicSoul
5/11/2009